Nunc Coepi!

13-07-2018

'NUNC COEPI' - agora começo! É o grito da alma apaixonada que, a cada instante, tanto se foi fiel como se lhe faltou generosidade, renova o seu desejo de servir - de amar! - com inteira lealdade o nosso Deus' (S.Josemaría Escrivá)

      Todos os dias há exposição do Santíssimo e os voluntários são convidados a aparecer na capela da a partir das 18h. É muito bonito chegar à Motherhouse e ver dezenas de sapatos - locais sagrados = pézinho ao léu -, subir para o primeiro andar e ver as sisters de joelhos num lado e os voluntários no outro...e Jesus na Eucaristia no meio. Às vezes distraio-me e olho à minha volta: ouvem-se as sisters a rezar o terço e a meditá-lo, vêm-se voluntários a ler e a rezar...e na ponta oposta aos voluntários, um sacerdote a confessar (e a Sister Ruth bem perto. Talvez esteja a tentar apanhar as graças deste sacramento por osmose...ou está simplesmente a rezar por todos nós que por ali entramos). Apesar de, felizmente, estar habituada a confessar-me regularmente desde piquena, de repente, veio um grande medo de me confessar! Isto é para rir! Mais uma grande graça dAquele que tudo sabe, porque me obrigou a rezar este sacramento, a voltar a pensar na doutrina e a preparar uma boa confissão.

      Quais eram os meus medos/ideias? Primeiro, ao ver os outros voluntários a confessarem-se, a minha cabeça assombrava-se com pensamentos do provável escândalo que eu iria provocar no sacerdote com os meus pecados; segundo, pensava como iria voltar a olhar para o padre Alex (isto porque vem muitas vezes a minha casa e tenho alguns sharings com ele); terceiro, pensava em adiar até chegar a Portugal para me confessar ao meu diretor espiritual. Rapidamente o meu coração ia diminuindo aos pouquinhos e a ideia de esperar dois meses parecia o maior absurdo (ainda negociei bastante e com muita criatividade esta tentação na minha cabeça - sou, de facto, o meu pior inimigo!).

      'Senhor, não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo'. E Ele falou-me! É que confissão prepara-nos para receber Jesus de uma forma mais digna, para sermos moradas puras (o quanto é possível) para O receber...e se de facto somos católicos e queremos amar Deus sobre todas as coisas, então temos de reconhecer que nem sempre O amamos como deveríamos. Estou sempre a pedir-Lhe coisas, a queixar-me (!!), etc etc. e não me parece justo que depois não O trate como deveria, nem que Lhe peça desculpa. Não é fácil! Admitir que pensamos mais em nós próprios, reconhecer que somos responsáveis pelas nossas ações e pelas suas consequências...não é fácil. Demorou, mas lembrei-me do filho pródigo e da quantidade de vezes que somos este filho que foge de casa, mas que volta. A felicidade que se tem quando reconhecemos a nossa fraqueza (que, na realidade, depois de confessada não é o bicho de sete cabeças que pensávamos que era), a quantidade de graças que recebemos depois de nos confessarmos. Sou a única que se sente capaz de conquistar o mundo depois de sair do confessionário?! Tenho a certeza que não, por isso faço o apelo à Confissão hoje! Deixo aqui o link das palavras da Sister Ruth sobre este tema: https://www.i-thirst.com/l/como-um-burriquinho-estou-diante-de-ti-sister-ruth/

      Nunc coepi, agora começo! Procurar um sacerdote, rezar e preparar a confissão com os quatro C's, como dizia S.Josemaría: Completa, sem omissão de pecados; Contrita, verdadeiramente arrependidos; Clara, sem disfarçar a nossa falha; Concisa, sem desculpas e sem grandes enredos. Deixo aqui alguns exemplos de exames de consciência (só clicar): 1 e 2

      Quanto à vida aqui...como podem ver, está muito bem! Já não estou doente! Tanto a Inês como eu, estávamos fartas de andar em casa e forçámo-nos a ficar bem. Resultou! Entretanto chegou a Clarinha e ficou a trabalhar em Nirmal Hriday, bem londe de nós - YAY (tsanga, pena não estares em SD).

      Na terça tivemos os anos da María de Barcelona e a despedida de uns de Madrid. Fizemos um jantar surpresa com o tema ÍNDIA e cada um teve de fazer um prato. O resultado foi uma hora de compras de saris e linguagem gestual com as indianas para nos vestirem.

      Ontem, dia livre dos voluntários, fomos ao Jardim Botânico (ver as pics). É mesmo bonito e parecia que estávamos noutro país, bem longe daqui. Tudo verde, um silêncio arrebatador, pouquíssima gente...foi ótimo para descansar. Só visitámos de manhã, pois fica do outro lado da ponte, em Howrah, e não tinha nada lá dentro (nem cafés, nem informação de qualquer tipo sobre o jardim).

Coisas pequenas para contar (claramente já perceberam que esta 'secção' corresponde às notas do meu telemóvel onde escrevo coisas para não me esquecer de contar!):

  • Já contei que a nossa WC dá choques? Sempre que ligamos a luz...começa a irritar-me! Fico sempre com a mão dormente depois do choque, pelo que agora deixo a luz acesa durante imenso tempo...ou nem a ligo! De nada pela partilha;
  • Comprei amaciador para a roupa! Grande luxo! Lavar a roupa à mão não é tão giro como os anúncios da Skip dão a entender. E a roupa não fica a cheirar bem. Quer dizer, tenho trabalho e não vejo resultados? Toca a comprar amaciador para ver se disfarça! Melhor coisa de sempre, marca Comfort!
  • Estou a ganhar um pequeno ódio aos indianos. Desde a preguiça para trabalhar - sim, no outro dia fui aos Correios às 17h15 e a senhora não me quis atender porque fechavam às 18h - à falta de respeito pelas mulheres. Passo a vida a ser ultrapassada nas filas de supermercado. Não por uma pessoa...mas sim, por três, quatro... Acham que não reclamo? (como se não me conhecessem!) Reclamo e olham para mim como se nada fosse, porque é ÓBVIO para eles que eu NÃO EXISTO! Bom para a humildade, péssimo para a gestão de tempo (e para a falta de caridade em pensamentos!);
  • Está cá um grupo de 200 espanhóis de um grupo chamado Hakuna. Felizmente vão embora amanhã. É mesmo muuuuita gente e está uma grande confusão na Motherhouse e nas casas onde trabalhamos...mas é ótimo ver um grupo tão grande de universitários tão comprometidos com a sua fé;

      Não me estou a lembrar de muito mais. Continua a ser uma alegria estar cá com a Inês, com a Patrícia e com a Clarinha...pelas conversas e pela alegria com que servem. Começo a assustar-me ao ver o tempo passar tão rápido e não quero nada! Acabo como comecei - 'NUNC COEPI' - agora começo! É o grito da alma apaixonada que, a cada instante, tanto se foi fiel como se lhe faltou generosidade, renova o seu desejo de servir - de amar! - com inteira lealdade o nosso Deus' - e deixo-vos a todos aos pés de Madre Teresa.

Grande beijinho,

Rita

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