Gratias tibi, Deus, gratias tibi!

Habitua-te a elevar o coração a Deus em ação de graças, muitas vezes ao dia. - Porque te dá isto e aquilo. - Porque te desprezaram. - Porque não tens o que precisas, ou porque o tens.
The city of joy. É este o nome que dão a Calcutá. Inicialmente não percebia como, com tanto lixo, barulho, pessoas...mas no meio deste caos é possível encontrar a máxima serenidade. É a cidade da alegria!
Foi a 13 de setembro de 2016 que aterrei pela primeira vez naquela onda de calor e de humidade. Não sabia o que estava ali a fazer e o medo imperava o meu interior. Entrei em Calcutá a chorar e saí a chorar ainda mais (julgo que o mesmo acontece a todos os que lá vão). Voltei a 18 de junho de 2018 e quando regressei a Portugal pensei em não mais voltar...mas há ali qualquer coisa que torna CCU o melhor sítio do mundo!
O Menino Jesus está quase a nascer. Olho para o presépio e faço revista do ano que passou. Tanto para agradecer! Faço um esforço mental para agradecer coisas concretas e, para tal, utilizo o alfabeto. Imediatamente surge Calcutá! A imaginação permite transportar-me até lá e pensar nas sisters, em Shanti Dan, nos voluntários. A quantidade de graças que recebi em tão pouco tempo! Desengane-se quem acha que se vai para Calcutá fazer voluntariado. O trabalho que se faz é tão simples e ordinário que estarmos ou não, é quase indiferente. Vamos para lá falar com Deus, perceber o que quer de nós. CCU tem a 'coisa' excelente de conseguir que nos esqueçamos de nós próprios. É, de facto, fantástico pensar que durante dois meses andamos quase sempre sem telefone, computador, televisão...cumprimos um horário fiel e um tanto exigente de Santa Missa, Adoração, etc. e estamos grande parte do nosso dia centrados em pessoas que estão doentes ou a precisar de cuidados básicos...e, somos felicíssimos!
Quando cheguei a PT disse a toda a gente que pensava em não voltar mais. Não sei quem quero enganar, mas não há um único dia em que não pense naquele sítio, naquelas pessoas... no fundo, naquela pessoa que eu era: alguém totalmente entregue (quanto me era possível) a Deus e aos outros. E não é isto que nos é pedido diariamente nos sítios onde estamos?
A questão para mim é: como trazê-lo para Portugal? Começar o dia oferecendo-o a Deus...ler o Evangelho e meditá-lo...falar com Deus antes do dia começar para perceber onde O vou encontrar...combinar com Ele quem é que vou servir nesse dia...arranjar espaço para a Santa Missa e para o terço. O Porto não é tão diferente de Calcutá quando me esforço por ver Jesus nas pessoas com quem me cruzo ao longo do dia...da mesma forma como me esforçava por vê-Lo naqueles rostos indianos da Maroti, da Asheprilia ou da Asha.
O mais importante de CCU foi aperceber-me da minha insignificância e, sobretudo, aperceber-me do quanto me foi dado...não por mérito meu, mas dado gratuitamente, porque Ele assim quis. E isto dá que pensar!
Jesus está quase a nascer. Façamos como Ele, voltemos a ser crianças e a maravilharmo-nos com o Menino, pequenino no presépio. Contemplemo-Lo e agradeçamos tudo quanto nos foi dado neste ano.